quinta-feira, 18 de junho de 2009

SILÊNCIOS QUE GRITAM (VI) - DIREITOS DOS IMIGRANTES



O mundo que eu gostaria de contemplar seria um mundo liberto da brutalidade dos grupos hostis, e capaz de compreender que a felicidade de todos resultará mais da cooperação do que dos conflitos (Bertrand Russell)

Num mundo em decomposição, onde os Estados se demitem,a solidariedade light e a indiferença são a imagem de marca, a amplificação dos sentimentos xenófobos não pode cessar de crescer.
Assobiar para o lado como se os outros fossem sombras inúteis não passa de uma mera tentativa jesuítica de abordar a problemática da migração
A realidade, quando confrontada com os discursos caramelizados produzidos pela ideologia excludente, deixa a nu o farisaísmo dominante.
Sociedades preconceituosas até às virilhas,são um embuste que em nada favorecem a inclusão dos imigrantes, pelo contrário: contribuem para a crescente desumanização das relações de trabalho e para aprofundar as desigualdades sociais.
Aos imigrantes, ou trabalhadores invisíveis, não lhe são reconhecidos direitos apesar de serem uma realidade que não se confina à estratégia delirante das democracias entorpecidas
Os traços fortes da inépcia, em comprender o outro, revelam-se em práticas sistemáticas em estigmatizar o migrante, com qualificativos ácidos e rasteiros.
Decretar a invisibilidade da migração equivale à perpetuação discriminadora do outro e à cumplicidade com os violadores de direitos humanos.
É inegociável o respeito pela dignidade humana e o reconhecimento da igualdade de direitos entre todos os cidadãos. É preciso, é urgente, é inadiável derrubar os muros que bloqueiam a construção de sociedades mais justas, mais humanas e mais inclusivas.
É preciso pôr termo aos efeitos que reproduzem a guetização e exclusão e todo o cortejo de misérias que consigo arrasta e reunir um conjunto de forças e cidadãos que repudiem o projecto de sociedade que está a ser imposto à Humanidade.

terça-feira, 2 de junho de 2009

SILÊNCIOS QUE GRITAM (V) - LEIS DE MIGRAÇÃO

Seja na costa italiana ou nas Ilhas Canárias, centenas de pessoas chegam diariamente ao território europeu.
Enquanto as autoridades discutem se são 'refugiados' ou 'imigrantes', cada um conta apenas com a própria sorte (Dw World. De)
O fenómeno migratório induz a um dever urgente de recuperar a utopia da solidariedade, entre os povos,a justiça social e os direitos humanos.
O edifício jurídico que acolhe a defesa dos imigrantes surge como resultado de lutas transversais a todos as geografias e perfumado pela aliança de muitas centenas de milhares de trabalhadores
É preciso, é urgente, conquistar soluções globais e inclusivas, em oposição a atitudes rançosas simuladas com uma roupagem obscena.As forças mais imobilistas, apostadas numa direcção claramente regressiva e securitária, convertem os imigrantes em bodes expiatórios , transferindo para eles o ónus de politicas desastrosas e responsabilizando-os por todos os males sociais nomeadamente o desemprego e a criminalidade.
Esta diabolização dos imigrantes é o pretexto para as escolhas duma arquitectura politica desprovida de humanismo e altamente discriminatória que culminou com a abjecta directiva da vergonha aprovada pela EU. a qual alarga o prazo de detenção dos imigrantes sem-papéis e prevê a massificação das expulsões.
Sobreviver, atravessando as fronteiras da intolerância dum continente que não aprendeu a amar. Resistir, percorrendo caminhos sinuosos , traiçoeiros e armadilhados de ambiguidades semeadas por entidades sem ética,são alguns dos escolhos que se cruzam no quotidiano dum imigrante.
O velho continente precisa de imigrantes como pão para a boca: compensar o envelhecimento da sua população e de preencher os empregos rejeitados por parte da população local, nomeadamente os trabalhos de maior desgaste físico e em sectores considerados menos nobres. Por outro lado, a crença de que os migrantes são economicamente necessários mas socialmente indesejáveis repousa no mesmo tipo de preconceito que criminaliza e detem trabalhadores apenas porque são imigrantes
A história tem uma dívida de mais de 500 anos com os povos migrantes. Nenhum ser humano é minoría, nenhum ser humano é indocumentado e nenhum ser humano é ilegal.