sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

SILÊNCIOS QUE GRITAM(VIII) – ACULTURAÇÃO


As ruelas da sobrevivência, deverão dar lugar a amplos espaços de solidariedade que assegurem a própria sobrevivência do homem

O exílio, cultural, identitário e físico, desenvolve-se em processos separadores: emoções, silêncios e máscaras, para além da violência que jorra do interior de um novo contexto sociocultural.
Os danos, pessoais e familiares, surgem como uma inevitabilidade e são visíveis, a olho nu, nas sociedades de acolhimento, independentemente das designadas estratégias de integração.
Transporta um estilo de vida, atitudes, conceitos e hábitos que são diferentes dos encontrados no país de acolhimento. Esta multidimensionalidade poderá gerar uma maior adaptação sociocultural sem prejuízo da preservação da identidade originária.
As circunstâncias históricas e os respectivos contextos socioculturais aceleram ou retardam o esforço de adaptação a um novo espaço geográfico. Um mosaico de diferentes culturas vai-se amalgamando e projectando na busca de uma nova identidade psicossocial.
Deste modo, a aculturação arrasta as tradições e a identidade cultural para além dos aspectos psicológicos inerentes. A integração no novo país não é um dado adquirido. Factores económicos e materiais condicionam e viciam a atmosfera sócio-cultural do migrante.
A análise destas condicionantes pode servir de fio condutor para compreender o complexo processo de construção cultural destes “trabalhadores sem papeis”.
Em tese, as fronteiras culturais poderão ser o reduto de práticas xenófobas, viveiro duma estagnação cultural irreconhecível por cidadãos sem fronteiras e pelo próprio direito internacional.
As ruelas da sobrevivência, deverão dar lugar a amplos espaços de solidariedade que assegurem a própria sobrevivência do homem. Urge derrubar os muros das ideologias excludentes que aprofundam o abismo entre as condições de vida dos países ricos e dos países pobres. Na ausência de práticas de tolerância e de justiça sociocultural, corre-se o risco de a paz fossilizar enquanto miragem num mundo à mercê dos donos da guerra.

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